I FDMA: inscrições abertas!

Salve mulheres maravilhosas e rebeldes!

Depois de um longo trampo na busca por espaço e nas discussões coletivas sobre nossos princípios e acordos mínimos, informamos que encontramos um local firmeza para abrigar a I Feira de Mulheres Anarquistas em São Paulo. O evento será realizado no dia 09/12/2017 à partir das 10h na Ocupa Mauá, localizada na Rua Mauá, 350 – Centro.

Ocupa e Nova Luz
O prédio está ocupado desde o início de 2007, abriga mais de mil pessoas e conta com diversos movimentos de luta por moradia. Localizada pertinho da Estação da Luz, na região central da maior metrópole latina, é um espaço de resistência política e cultural contra a gentrificação proposta pela Prefeitura e apoiada por todo o Estado com suas políticas de exclusão das de baixo, disfarçadas de apoio à cultura com o projeto Nova Luz. Enquanto alguns compreendem as diversas mudanças promovidas na região como modernas e necessárias, nós sabemos que a principal necessidade em sistemas baseados no lucro e na morte, é ocupar e resistir. Além disso, não por acaso, a região também é conhecida como um dos maiores núcleos de exploração da sexualidade das mulheres e abuso de crianças através da prostituição e da violência.

Feira de Mulheres Anarquistas
Pensando nesse contexto e na vontade de realizar um evento que considere as características do local, as dinâmicas de resistência e a especificidade da exploração dos corpos das mulheres, estamos muito empolgadas para realizar um evento que dialogue com isso e com os nossos anseios de criar espaços auto organizados por nós numa agenda anarquista que faça da teoria sua prática como princípio de morte aos sistemas capitalistas e patriarcais.
A Feira foi pensada por um grupo autônomo de mulheres, após muitas denúncias realizadas contra a Feira Anarquistas de São Paulo, seja pela acolhida de agressores e falta de cuidado com a segurança das vítimas ou pela falta e boicote de materiais ligados a teoria do feminismo radical, mas essenciais para qualquer movimento libertário, tal como violência doméstica.
Temos como princípios básicos o fortalecimento entre nós por meio do apoio mútuo; a diminuição de herarquias através da autogestão e da participação direta nas decisões coletivas; a ação direta como tática revolucionária e anti racismo e anti patriarcalismo como expressões do único mundo no qual acreditamos.

Acordos mínimos
Após uma grande demanda de mulheres que se sentiram contempladas com a proposta e escreveram para nós, achamos viável divulgar um pequeno formulário para que nossos objetivos sejam o mais próximo possível. É importante ressaltar alguns pontos:
– é legal que as atividades e vendas sejam realizadas por mulheres libertárias próximas ao anarquismo, já que a Feira tem a pretensão de fomentar essa orientação e prática política;
– indivíduas podem expôr, mas iremos priorizar coletivas, já que nos interessa a divulgação e circulação de materiais produzidos por mulheres e o auxílio financeiro para que coletivas possam continuam caminhando, não apenas o lucro pessoal baseado no empreendedorismo feminino;
– se o coletivo for misto, gostaríamos de convidar apenas mulheres para realizar as atividades e vender materiais. Homens podem frequentar a Feira.
– podemos vender comidas, contanto que sejam veganas e que estejam atreladas a produção de materiais informativos para que o rango não se torne apenas mais um produto, mas sim uma forma de questionamento político da nossa experiência dentro de um sistema no qual recursos naturais nos são roubados e revendidos em forma de alimento;
– pedimos a contribuição de um valor monetário e de itens para a ocupação. O valor é livre e os itens serão acordados com a Ocupação, em breve divulgamos uma lista. A ideia é contribuir com a luta por moradia e construir juntas com as pessoas que gerem o espaço, evitando qualquer tipo de relação de locação e uso não politizado de um lugar de resistência;
– pedimos, se possível, a doação de materiais para o organização da Feira, pois também temos como proposta a construção de uma biblioteca autônoma e itinerante da produção de mulheres anarquistas.

Pronto! Agora preenche o formulário, manda as sugestões e dúvidas e cola com a gente. Vamo arrebentar nesse eventão da buceta! <3

Formulário de inscrição I FDMA

Feira de Mulheres Anarquistas: convite para a construção entre nós!

Nenhuma escolha é neutra ou inofensiva, práticas de silêncio e de silenciamento podem ser, e com muita frequência são mesmo, cúmplice de quem pertence a um seleto grupo de pessoas privilegiadas e que podem dar-se ao luxo de não refletir sobre questões complexas e que são muito caras para quem ocupa os lugares de opressão numa sociedade capitalista, heteronormativa, misógina e racista.

A partir da análise coletiva e histórica de muitos grupos compostos por mulheres de que nenhuma organização está isenta de reproduzir ou coadunar com agressões contra nós, acreditamos que chegou o momento de nos organizar por nós mesmas e deixar de ter como parâmetro o que é imaginado, elaborado e composto por homens, com métodos pensados e desenvolvidos por homens.

Inclusive pq estamos bastante cansadas de não encontrar circulação adequada de materiais sobre apontamentos e realidades que dizem respeito a qualquer pessoa que se identifique com uma política libertária, mas que constantemente são relegados aos assuntos de mulheres, tais como violência doméstica (praticada por homens), descriminalização do aborto e suas consequências (com a participação de homens), heterossexualidade compulsória (que beneficia a classe dos homens), métodos de segurança para mulheres vítimas de diversos tipos de agressões psicológicas (praticadas por homens), entre tantos outros temas que não constam na agenda anarquista enquanto pauta essencial para a constituição de uma sociedade igualitária, baseada na liberdade e no apoio mútuo. Estamos cansadas também de encontrar nossos agressores denunciados ano após ano circulando tranquilamente enquanto somos obrigadas a nos retirar seja por trauma, por falta de apoio, cansaço ou constantes assédios morais daqueles que defendem seus parceiros agressores até o fim.

Portanto, é nessa perspectiva de endurecer nossos corações contra o patriarcado, aprender a matar aquilo que não desejamos colaborar e com a convicção de que fortalecer a nós mesmas entre as nossas é a melhor solução para inúmeras questões que sequer são abordadas em espaços mistos, organizamos a I Feira de Mulheres Anarquistas de São Paulo.

Temos como princípios básicos o apoio mútuo e solidariedade política entre mulheres, a maior diminuição possível da existência de hierarquias, ação direta e auto organização como práticas autogestionárias, anti patriarcalismo e anti racismo.

Todas as mulheres que quiserem construir conosco da forma como puderem, serão bem vindas. Basta entrar em contato pela página, pelo site ou pelo email. Força para todas nós e seguimos na resistência!

email: fdma@riseup.net
site: www.fdma.noblogs.org
facebook: Feira de Mulheres Anarquistas